domingo, 12 de abril de 2009
Castrado.
Tempestade era um cavalo mestiço forte e garboso que corria alegre pelos pastos comia grama fresca e bufava de tesão quando via uma égua carnuda e de ancas largas.
Era de uma cor marron apretejada brilhosa como dizia o caipira. Parecia barro de barranco umido. Era um bicho saudável e bonito mas não servia pra nada no sítio de Raimundo que acabou por vende-lo a um carroceiro.
Lá foi Tempestade ao encontro de seu destino. Como todos nos. Bicho também tem um destino.
O carroceiro tentou atrelar tempestade a carroça mas, qui nada so! Quem atrela bicho criado livre e cheio de vontades? Ninguém não! O carrocero puto da vida entro em casa feito fuguete chingando a trabalhera danada cu bicho brabo e a mulher perguntou:- Qui e isso que?
:- Eu num consigo atrela o cavalo qui comprei do Seu Raimundo muié!! Saco di negocio qui fiz. Joguei dinheir fora.
Va omi. Num se assunte tanto! Procura o Zé do Arreio que ele sabe tudo desses bicho.
La foi o carrocero atraz de Zé. - Oi seu Zé .
- Quie que manda seu ? Tudo nos conforme?
- Qui nada! Tenho um cavalo qui ta mi dand um bruta trabaio. Num aveita os rreios e fica brabo, escoceia e rilincha. sabi da jeito nisso?
- Aha ha ha ! Ce cumpro um garanhão pra carroça tem que capa. Me da 100 prata que eu capo o bicho e ele fica bonzinho.
Trato feito la foram os dois muda a vida de Tempestade.
Cavalo num grita que sabe e viu sabe. Não é escandaloso como os porcos. É igual a maioria do povo....Sofre quieto.
Tempestade olhou de cima aqueles dois chegando um frio passou-lhe a espinha a sensação intuitiva do animal deixou o bicho agitado mas não teve jeito.
Passaram um laço de segurança na quatro patas. O carrocero segurou pela cabeça e Zé do arreio entrou por baixo e segurou o saco do bicho com uma mão e com outra correu o fio do facão afiado. Tempestade apenas bufou com um puxar afogado de ar e tremeu. Estava feito.
O homem costurou com linha de costura jogou pinga e o serviço tava acabado.
Tempestade horas depois comia a sua grama fresca devagar e nem notava aquelas éguas que passavam balançando o rabo ....Estava feliz e nada mais sentia e talvez nem mais de nada se lembrava.
Como gente por ai feliz por viver castrato.
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